Experiência, Performance e Práticas de Aprendizagem: Temas para pensar o lazer de forma não fragmentada

EXPERIÊNCIA, PERFORMANCE E PRÁTICAS DE APRENDIZAGEM:

TEMAS PARA PENSAR O LAZER DE FORMA NÃO FRAGMENTADA

Patrícia Campos Luce
José Alfredo Oliveira Debortoli
Ana Maria Rabelo Gomes


O texto aqui no Blog está sem as notas de rodapé.
O texto completo foi publicado na Revista Licere, Belo Horizonte, v.13, n.2, jun/2010


Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Belo Horizonte – MG – Brasil

RESUMO: Apresenta discussão que parte de três campos de estudos nos quais os
autores realizam pesquisas: Lazer, Educação e Antropologia. A partir de uma
perspectiva antropológica Pós-Social apresenta reflexão sobre o conceito de cultura e
sua importância para compreensão do fenômeno do Lazer. Enfoca três eixos conceituais
principais que constituem um campo teórico no qual seja possível dialogar para pensar o
Lazer de forma não fragmentada: os conceitos de experiência, performance e prática, a
partir das concepções dos seguintes autores: Victor Turner, Richard Schechner, Walter
Benjamin, Tim Ingold e Jean Lave. Entendemos significativo e oportuno acompanhar o
“desvio do olhar” proposto na antropologia de Victor Turner, ao buscar renovar as
abordagens sobre o lazer.

PALAVRAS-CHAVE: Atividades de Lazer. Desempenho Atlético. Aptidão.Aprendizagem.

1. Introdução

Este texto propõe um compartilhamento de algumas reflexões que temos
buscado realizar inspirados na convergência entre a Antropologia, a Educação e o
Lazer. Partindo da conceituação de Lazer proposta por Christinanne Gomes (2004, p.
124), como “uma dimensão da cultura constituída por meio da vivência lúdica de
manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social,
estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações”,
enfatizamos o quanto a noção de cultura é fundamental para compreender o fenômeno
do Lazer, nas mais diversas relações. Assim, se o Lazer é afirmado como uma dimensão
da cultura, o que entendemos por cultura?
Mobilizados por questões que emergem de nossos estudos nos âmbitos da
Educação e do Lazer, o debate que apresentamos está situado em um movimento de
aproximação com o campo da Antropologia, nos utilizando de abordagens que
tensionam a noção ocidental de cultura, assinalando a urgência de problematização de
olhares fragmentados e dicotômicos do fenômeno social, gerando polarizações e cisões
que ofuscam a riqueza de nossa condição humana relacional.
Buscamos, assim, nos deslocarmos em direção de uma abordagem ecológica da
cultura (VELHO, 2001). Como destaca Otávio Velho (2006), o que aqui se coloca como
questionamento central é o tensionamento da oposição mente e corpo, associada ao
questionamento da oposição cultura e natureza.
Dentre os autores que buscam superar essa oposição, destacamos a abordagem
de Tim Ingold (2001) que acentua a importância do desenvolvimento de habilidades
(skills) que são adquiridas através do engajamento dos sujeitos no mundo em que
vivem, enfatizando a noção de aprender a aprender, proposta por Gregory Bateson
(1986), ou seja, de educação da atenção. Para Tim Ingold (1996), o mundo em que
habitamos não é nem um mundo de uma natureza dada a priori, nem um mundo de uma
cultura somente construída. O mundo se constitui continuamente e nele nos
constituímos.

A noção de Habilidade (Skill), proposta por Ingold (2001), possibilita-nos
indagar sobre a contribuição que cada geração dá para a próxima. Para Ingold, a cultura
não se constitui na acumulação de representações, mas no desenvolvimento de modos
particulares de orientação/ação/interação nas práticas nas quais os sujeitos se engajam.
A cultura, nesse sentido, constitui-se como um campo de relações, em modalidades de
“educação da atenção” (idem) no contexto das práticas nas quais os sujeitos se engajam,
por isto, não pode ser objetivada como algo estático ou significado a priori.
Assinalamos que a questão de fundo, que vem sendo abordada por diferentes
autores na Antropologia, ao problematizar históricas dicotomias entre natureza e
cultura; humanidade e animalidade; corpo e mente; pessoas e coisas; sociedade e
natureza; é a de recuperar a relação dialógica do envolvimento mútuo das pessoas no
mundo em que habitam (INGOLD, 1994). O argumento indica, entre outras questões, o
fato de que não seriam só os seres humanos que estariam contidos no social. Os objetos
e a natureza seriam, também, parte do social, eles possuiriam agência. Posto que
cultura é um conceito historicamente e socialmente construído, ele na verdade estaria
inserido em algo mais amplo ao invés de ser apenas ‘este todo complexo’ até então
correntemente adotado nas ciências sociais. Assim, para a discussão proposta neste
texto, pretendemos, seguindo a questão de fundo que inspira estes autores, sair das
dicotomias sobre o social, buscando novas abordagens para pensar as experiências
configuradas no Lazer. Nessas abordagens, interessa-nos a possibilidade de destaque de
práticas em que a corporeidade pode se tornar (ou é efetivamente) marcante,
envolvendo questões sobre a experiência, performance e, ao mesmo tempo, sobre a
prática cotidiana. Significa que adotar uma perspectiva que propõe superar as
dicotomias que envolvem as noções de cultura, social, humano propicia uma amplitude
das possibilidades de compreensão do lazer e suas práticas.
Se pensarmos que o humano ultrapassa as divisões entre natureza e cultura,
corpo e mente, pessoas e coisas, então como se configuram as relações dos agentes em
determinadas práticas percebidas como práticas de Lazer? Que experiências ocorrem no
que hoje reconhecemos como práticas de Lazer? Se aprendemos com tudo e o tempo
todo, que práticas de aprendizagem se constituem nas experiências de Lazer?
Para desenvolvermos esta argumentação, assinalamos três eixos principais para
pensarmos o Lazer: o diálogo entre cotidiano e extraordinário; a noção de aprendizagem
situada; e a relação entre experiência e performance.


2. Lazer e Cotidiano: entre o extraordinário e o ordinário

Um tema recorrente nas discussões sobre lazer/ócio é associá-los à noção de
experiência. Manuel Cuenca Cabeza (2008, p. 53), enfatiza que,
O ócio, entendido como experiência humana, se separa do mero passar
o momento, tranformando-se numa vivência repleta de sentido. A
vivência de ócio é, ou deveria ser, uma vivência integral, relacionada
com o sentido da vida e com os valores de cada um, coerente com
todos eles. [...] O ócio, entendido como experiência com valor em si
mesma, diferencia-se de outras vivências por sua capacidade de
sentido e sua potencialidade para criar encontros criativos que
originam o desenvolvimento pessoal. O ócio vivido como encontro
nos entrelaça sempre com a vida dos outros, é uma experiência
transcendente que nos abre para horizontes de compreensão e
conhecimento. Porque o conhecimento não é algo alheio à vivência de
ócio, ao contrário, quanto maior conhecimento mais capacidade de
compreensão e satisfação.
Destaca-se, aqui, as noções de conhecimento e experiência contextualizadas no
lazer/ócio, ou seja, em uma ocasião geralmente compreendida como polaridade oposta à
noção de cotidiano. Para desenvolvermos este ponto, entendemos significativo e
oportuno abordar o “desvio do olhar” proposto na antropologia de Victor Turner e
Bruner (1986; 1987) sobre a teoria da experiência e da performance:
Victor Turner produz um desvio metodológico no campo da
antropologia social britânica. Para entender uma estrutura3, é preciso
suscitar um desvio. Busca-se um lugar de onde seja possível detectar
os elementos não-óbvios das relações sociais. Estruturas sociais
revelam-se com intensidade maior em momentos extraordinários, que
se configuram como manifestações de ‘anti-estrutura’. [...] Nos
momentos de suspensão das relações cotidianas é possível ter uma
percepção mais funda dos laços que unem as pessoas. (DAWSEY,
2005, p. 165-166).

Ainda citando Dawsey (2005, p.165), “a sacada de Turner foi ver como as
próprias sociedades sacaneiam-se a si mesmas, brincando com o perigo, e suscitando
efeitos de paralisia em relação ao fluxo da vida cotidiana. Isso através de ritos, cultos,
festas, carnavais, música, dança, teatro, procissões, rebeliões e outras formas
expressivas” (DAWSEY, 2005, p. 165). Para Turner, estes momentos (chamados de
dramas sociais ou dramas estético-teatrais) são classificados como liminares, e
apresentam a possibilidade das pessoas experienciarem um sentimento de communitas.
Conforme elucida Dawsey (2005), para Turner nas culturas pré-industriais, as
atividades rituais não se separavam do trabalho. E trabalho não se desvinculava da vida
lúdica da coletividade. Nestas sociedades a brincadeira, a festa, o jogo se constituem
como um dos componentes centrais dos processos de revitalização de estruturas
existentes. Nesse sentido, os rituais propiciam uma poderosa experiência coletiva.
As sociedades industrializadas, por sua vez, produziram um descentramento e
uma fragmentação da atividade de recriação de universos simbólicos. A esfera do
trabalho ganha autonomia e, nesse contexto, o lazer surge como instância complementar
ao trabalho. Assim posto, a experiência suscitada pelos rituais nas sociedades préindustriais
se fragmenta em uma “crise de ação simbólica”; os gêneros expressivos
foram desmembrados e perderam o poder no mundo contemporâneo, colocados às
margens dos processos sociais centrais.

Porém, quando pensamos, inspirados em Victor Turner, no teatro e em outros
gêneros de performance (que também permeiam a esfera do lazer nas sociedades
contemporâneas) podendo suscitar novas experiências que se aproximam do que Turner
(1986) denomina de communitas, um senso de harmonia onde elementos do cotidiano
(da estrutura) se reconfiguram no momento da performance (a anti-estrutura), recriando
universos sociais e simbólicos, podemos inferir que o que é tomado por extraordinário
irrompe o cotidiano, dando-lhe sentido. Nos substratos mais fundos do entretenimento e
dos novos gêneros de ação simbólica Turner descobre as fontes do poder liminar.
As formas expressivas que germinaram após a Revolução Industrial
também propiciam manifestações do caos criativo, capazes de
surpreender, com efeitos de estranhamento, as configurações do real,
energizando e dando movência aos elementos do universo social
simbólico. Embora estejam às margens dos processos centrais de
reprodução da vida social, estas expressões liminóides apresentam um
potencial ainda maior do que as formas arcaicas para promover a
transformação das relações humanas. (DAWSEY, 2005, p. 173).
Embora sua teoria da performance tenha sido alvo de várias críticas, é
importante destacar como ela iluminou uma forma dramática e, por conseqüência, o
lazer nas sociedades complexas.

3. Lazer como aprendizagem situada: problematizando a natureza da prática
social que se dá no contexto do Lazer.

Coloca-se aqui como questão fundamental a possibilidade de abordar o lazer
enquanto prática social. Propomos, nesse sentido, assumir a dimensão situada da prática
social, no sentido que lhe atribuem Lave e Wenger (1991), ou seja, tomando a
aprendizagem como aspecto constitutivo de toda e qualquer prática social. Assinalamos,
nesse sentido, a escolha de uma abordagem teórica capaz de focalizar processos de
aprendizagem que se dão no cotidiano, entendendo que é o engajamento do sujeito nos
diferentes contextos de prática dos quais participa que gera as possibilidades de
aprendizagem. Em síntese, ao enfatizar o aprender, assinalamos a importância de
realizar um deslocamento do olhar para a dimensão situacional, trazendo o foco para a
ação, e para a aprendizagem como constitutiva da prática social.
Tal proposta busca compreender a aprendizagem como processo de engajamento
na prática, bem como problematizar noções que restringem aprendizagem à transmissão
de informações e conhecimentos, e que reforçam a separação mente, corpo e cultura.
Trata-se, pois, de abordar as práticas nas relações cotidianas, explicitando e analisando
as diversas dinâmicas das aprendizagens. Na abordagem da Aprendizagem Situada, é a
participação no conjunto da prática que vai gerar um aprender mais amplo, constituindo
habilidades específicas. Pensando, assim, em uma teoria da aprendizagem baseada em
uma perspectiva da teoria da prática social, Jean Lave (1996) aponta algumas questões
que podem ajudar a compreender como os seres humanos se constituem na prática e, a
partir disso, como o mundo objetivo é socialmente configurado.
Por isso, a recusa de teorias que reduzem o aprendizado a uma
capacidade/atividade mental individual. Desta forma, pontua-se a necessidade de
explorar outros caminhos para entender o aprendizado como um fenômeno socialcoletivo
ao invés de um fenômeno individual-psicológico.

Entendemos importante ressaltar este ponto de vista teórico no sentido de colocar
em destaque formas não-institucionalizadas de trocas de participação em práticas
intercambiadas, enfim, formas específicas de aprendizado na prática e de vivência de
mundo – como as que ocorrem na capoeira, no congado, nas danças, entre outras
práticas situadas que permeiam o Lazer.
Ao eleger um entendimento de aprendizagem como um aspecto de mudança nos
padrões de participação, que acontece a todo tempo e lugar, isto significa dizer que onde
for que as pessoas se engajem por períodos de tempo substanciais, dia após dia, fazendo
coisas em que suas atividades são interdependentes, o aprendizado é parte da sua troca
de participação nos intercâmbios das práticas.
Esta perspectiva evidencia a ação como inseparável da vida da comunidade que a
desenvolve, tornando possível ligar os indivíduos às comunidades e o cognitivo ao
social. Esta forma de compreender a prática social parece, então, antever a
potencialidade de compreender melhor os processos locais que constituem o nosso
quotidiano (e que nos constituem ao participarmos nele) na interligação com a dinâmica
mais ampla do mundo social em que as nossas práticas sociais têm lugar.
A relação sujeito-mundo implica em uma perspectiva sócio-ontológica e
historicamente situada no aprendizado. Se levarmos a sério a natureza coletiva social de
nossa existência, a construção de identidades na prática torna-se o projeto fundamental
no qual os sujeitos estão engajados. Sendo assim, quem você é toma forma
crucialmente e fundamentalmente pelo que você sabe. O que você sabe, deve ser
entendido aqui mais como ‘o fazer’ do que como tendo algum ‘conhecimento’ (no
sentido de adquirir ou acumular informação). Este é o sentido de cultura como
Habilidade (Skill), proposto por Ingold (2001). ‘Saber’ é uma relação prática,
participação na prática e geração de identidades como parte do tornar-se membro da
prática que acontece, ou como destaca Ana Maria Gomes (2007), a cultura, nesse
sentido, é re-apresentada e se expressa em disposições corporais, emoções, significados
e conhecimentos; e, mais que significados, evoca ou reconstitui um “campo total de
relações”.

3.1 Buscando articulações entre Performance e Aprendizagem Situada, entre o
extraordinário e o cotidiano.

A primeira vista, adotar as noções de performance (em Victor Turner, 1987) e
aprendizagem na prática social (em Jean Lave, 1996) para pensar o lazer, parece uma
contradição. Por um lado, a teoria da performance pressupõe a efemeridade da ação,
sua extraordinariedade em relação à estrutura social (ao cotidiano), a fluidez de sua
experiência sensível, a percepção do indivíduo e o corpo sensível em ação como pontos
fundamentais do saber e da experiência de communitas que os dramas sociais e culturais
podem propiciar. Por outro, a noção de aprendizado com ênfase na prática social,
enfatiza o cotidiano, o saber que é erigido no fazer, na participação nas práticas
situadas, o aprendizado, a comunidade de prática, as relações e trocas dos agentes que
propiciam a formação das identidades destes sujeitos engajados na prática.
Entendemos que estas perspectivas não se opõem, mas se complementam,
especialmente quando ligadas à noção de experiência. Nesse sentido, argumentamos que
a compreensão de possíveis diálogos entre o extraordinário e o cotidiano pode trazer
ricas possibilidades para pensarmos o Lazer.
Benjamin (2006) fala de uma experiência coletiva (Erfahrung) que deve ser
compartilhada enfatizando a necessidade de relação do sujeito no mundo social,
pressupondo, portanto, a tradição e a continuidade que deve ser buscada ao invés de
outro tipo de experiência (Erlebnis) que pressupõe a efemeridade, o choque e a
descontinuidade. Ao abordar o ócio e a ociosidade Benjamin (2006, p. 840-842)
assinala que,
[...] a experiência (Erfahrung) é fruto do trabalho, a vivência
(Erlebnis) é a fantasmagoria do ocioso. [...] A ociosidade possui
poucos elementos representativos, embora seja muito mais exibida
que o ócio. O burguês começou a envergonhar-se do trabalho. Ele,
para quem o ócio não tem mais um significado em si mesmo, gosta de
exibir sua ociosidade. [...] A ociosidade procura evitar qualquer
relação com o trabalho de quem é ocioso, e mesmo qualquer relação
com o processo de trabalho em geral. Isso diferencia a ociosidade do
ócio.

Parece haver uma relação entre o lazer/ócio que proporciona uma experiência
coletiva, transformadora e contínua (em oposição à ociosidade burguesa) e o trabalho do
ocioso, ou seja, é necessário um movimento de continuidade, de trabalho, de seqüência
(que nos remete à idéia de cotidiano, de prática) para que haja uma experiência coletiva,
contínua e transformadora, que, portanto, passa a adquirir características extraordinárias
(em um nível também subjetivo) para o sujeito. Assim parece que o cotidiano e o
extraordinário estariam ligados de algum modo.
Uma das possíveis formas de abordar as ligações entre experiência coletiva (a
Erfahrung em Benjamin) e o cotidiano, também, pode ser percebida a partir da teoria de
Lave (1996). Mesmo partindo de uma discussão diferente de Benjamin, a autora aponta
para um saber que se dá no fazer, na prática e engajamento do sujeito nas práticas
situadas, ou seja, um saber que depende da relação do sujeito com o coletivo. Embora
por um viés diferente, esta concepção parece possuir semelhanças com a noção de
experiência coletiva (Erfahrung) desenvolvida em Benjamin. É aqui que antevemos
uma das possibilidades de compreender a importância das relações entre os sujeitos
engajados no mundo em que vivem, pensando em suas experiências-na-prática de
engajamento no mundo. Estas relações também podem ser fontes de compreensão
destes sujeitos e do mundo em que compartilham nestas relações que são mediadas por
suas perspectivas sobre o que possui ou não agência e, portanto, por suas noções de
pessoa, corpo e de mundo.

4. Lazer como Experiência e como Prática

Não é difícil perceber a diversidade de nossa existência cultural e infinitas
possibilidades de interação e manifestações culturais e sociais.
A cada invenção ou descoberta, construção, fantasia ou imaginação (o
fogo, a máquina, o telefone, a televisão, o computador, o automóvel, o
avião, o cinema, a literatura, o teatro, as mais diferentes formas de
arte, etc.), é como se o mundo virasse de cabeça para baixo, trazendo
novos conceitos, valores, significados, noções e percepções para as
coisas, para o tempo e para o espaço. [...] também elaboramos o
mundo através da fantasia, da imaginação, das experiências lúdicas.
(DEBORTOLI, 2002, p. 75).

Mas é importante ressaltar que o universo humano é permeado por relações de
poder que mostram diferenças e contradições sociais. Vivemos em uma sociedade que
“cada vez mais, tem estimulado a segregação das pessoas, levando-as muitas vezes a
ações individualistas e particularizadas. Esta lógica favorece a ideologia dominante”
(UDE, 2002, p. 129). A noção de experiência, desenvolvida por Larrosa (2002),
demonstra como a ênfase ocidental contemporânea na informação, na opinião, a falta de
tempo e o excesso de trabalho não permitem ao sujeito da nossa sociedade vivenciar a
experiência em si. Isso significa que a experiência é o que nos passa, o que nos
acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. “A
cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.
[...] Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara.”
(LARROSA, 2002, p. 21).
Diante deste cenário, percebe-se ao mesmo tempo, grupos de pessoas que
possuem lógicas diferentes de compreensão do mundo que, muitas vezes, apontam
outros caminhos possíveis em relação a esta falta de experiência. O conceito de
experiência, um dos mais complexos, demanda que se indique de que classe de
experiência se trata. Assim, sendo, esta argumentação localiza-se no que Moura ( 1978
apud TEIXEIRA, 1998, p. 63), denomina “experiência da vida”, entendida como uma
questão sociológica, como algo socialmente construído. Remetemo-nos, pois, ao plano
do vivido, ao experienciar da existência no acontecer das ações e atividades humanas.
De acordo com Larrosa (2002, p. 21-24):

[...] o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por
sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por
sua abertura. Trata-se, porém, de uma passividade anterior à oposição
entre ativo e passivo, de uma passividade feita de paixão, de
padecimento, de paciência, de atenção, como uma receptividade
primeira, como uma disponibilidade fundamental, como uma abertura
essencial. O sujeito da experiência é um sujeito “ex-posto”.
Nesta concepção evidencia-se a relação do sujeito da experiência com a
idéia de um sujeito disposto a tentar, a aventurar-se, a correr riscos. Isto poderia
remeter, embora partindo de outra perspectiva, para o que Heidegger (1987, p. 143)

destaca ao frisar a possibilidade de ação transformadora que surge com a experiência:
“[...] Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos abordar em nós próprios
pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim
transformados por tais experiências, de um dia para o outro ou no transcurso do tempo”.

Assim, a negatividade do próprio ser, quando mergulhamos em profunda angústia e
sentimos que somos nada, poderia, talvez, fazer-nos tomar consciência do que somos - e
aqui pensamos na negatividade do nosso ser ocidental, de nossas perspectivas de mundo
e conceitos que nos tornam este ser, como por exemplo, nossa pré-concepção do que é
cultura, que ao ser interpelada pelos ‘outros mundos possíveis’ que o Lazer pode revelar
ou proporcionar, poderá causar uma transformação por meio desta experiência de
deslocamento, revelando no ‘outro’ um espelho anti-narcisístico.

A antropologia da experiência (e da performance) de Turner (1986; 1987), ajuda
a pensar como algumas práticas liminares nas sociedades ocidentais contemporâneas –
como as práticas de lazer – podem suscitar uma experiência transformadora. Utilizando
um argumento sobre a experiência embasado nos filósofos Wilhelm Dilthey e John
Dewey, o autor discute a experiência de liminaridade que os ‘dramas sociais’ ou os
‘dramas estético-teatrais’ proporcionam aos sujeitos. O argumento de Turner (1986) é
que a antropologia da experiência encontra, em certas formas recorrentes de experiência
social – entre elas, os dramas sociais -, fontes de forma estética, incluindo o drama de
palco. Mas o ritual e sua progênie, com destaque às artes performativas, derivam do
coração subjuntivo, liminar, reflexivo e exploratório do drama social, onde as estruturas
de experiência grupal (Erlebnis) são copiadas, desmembradas, rememoradas,
remodeladas, e, de viva voz ou não, tornadas significativas – mesmo quando, como
acontece freqüentemente em culturas declinantes, o significado é de que não há
significado.

É neste ponto que se faz pertinente as observações de Dawsey (2005) sobre os
‘ruídos’ da própria teoria de Turner. A perspectiva de uma experiência enriquecedora de
communitas encontrada nos dramas sociais e estético-teatrais de Turner não elimina os
‘ruídos’ sobre as ‘culturas declinantes’ que ele aponta.
Se há nos escritos de Turner uma espécie de nostalgia por
experiências de communitas, também lá se encontram bons indícios de
cautela em relação às suas manifestações. [...] Até que ponto é
possível num mundo pós-revolução industrial o acesso direto a
experiências liminares não está claro (DAWSEY, 2005, p. 171).
Seguindo o raciocínio de Dawsey (2005), a ênfase de Turner na experiência
liminar que os rituais em sociedades pré-industriais podem proporcionar teria a ver com
uma percepção, embora não explicitada, dos limites da noção de experiência vivida que
ele empresta de Dilthey (Erlebnis). A outra categoria de experiência discutida por
Dilthey (Erfahrung) estaria, de acordo com as observações de Dawsey (2005), mais
apropriada para iluminar a nostalgia de Turner por uma experiência coletiva, vivida em
comum, passada de geração em geração, capaz de recriar um universo social e
simbólico pleno de significado. Dawsey (2005) argumenta ainda, que há na perspectiva
de Turner sobre a experiência algumas semelhanças com a noção de experiência
discutida pelo filósofo Walter Benjamin. Este ponto abre uma nova perspectiva para
pensarmos a teoria da experiência (e da performance) que Turner desenvolveu.
Quevedo (2008, p. 104), aponta como Walter Benjamin critica o “conceito de
experiência das filosofias da vida – especialmente Dilthey, Klages e Jung –
reivindicando uma linha de investigação histórica, onde a Erfahrung deve ser
compreendida em sua existência na sociedade”. Este conceito de experiência como
vivência (a Erlebnis de Dilthey, que Turner adota) parece prescindir de seu vínculo com
o concreto, o social e o histórico, em suma, com a própria vida que reivindica. Assim,

“Erfahrung é uma dimensão da práxis humana na qual é articulada a relação consigo
mesmo e com o mundo, de modo que a relação com o mundo se torne articulável como
relação consigo e vice-versa” Weber (2000, apud QUEVEDO, 2008, p. 105).
Parafraseando Dawsey (2005), se o modelo de ‘drama social’ de Turner, nos leva
a pensar em termos de uma oposição dialética entre dois momentos, o cotidiano e o
extraordinário, Benjamin apresenta um desafio metodológico, ao falar de um cotidiano
extraordinário ou extraordinário cotidiano, que se configura num quase susto ou espanto
diário.

Ao tentar distinguir sua abordagem da de Erving Goffman, Turner
evoca, [...] uma distinção entre teatro e meta-teatro. Ao passo que
Goffman toma interesse pelo teatro da vida cotidiana, Turner procura
focar os momentos de interrupção, os instantes extraordinários, ou
seja, o teatro desse teatro. Turner observa o meta-teatro da vida social.
Mas as oficinas descritas por Benjamin podem sugerir a necessidade
de se juntar Goffman e Turner para tratar de um meta-teatro cotidiano.
[...] Nas irrupções do extraordinário também se encontra a experiência
do ordinário (DAWSEY, 2005, p. 174).

Partindo da antropologia da experiência, Turner (1987) desenvolve a
antropologia da performance. Acreditamos que a noção de performance desenvolvida
pelo autor pode abrir novas perspectivas para pensar o Lazer. Assim, o que significaria
compreender o Lazer como performance?

Ao pensar os fenômenos culturais nas ‘sociedades complexas’ ocidentais,
Turner, a partir da noção de liminaridade, desenvolveu o conceito de ‘liminóide’. Desse
modo, deslocou a ênfase de uma teoria dos dramas sociais (voltada para exame das
sociedades tradicionais), para a ‘teoria da performance’, mais precisamente a da
‘performance cultural’. Assim, Turner (1987) estabelece a distinção entre as
‘performances sociais’ (ritos como as peregrinações religiosas e/ou ‘dramas sociais’) e
as ‘performances estéticas’, tais como os ‘dramas estético-teatrais’. Turner (1982)
coloca que a antropologia da performance é uma parte essencial da antropologia da
experiência. Como elucida Dawsey (2005), ao discutir o processo da experiência vivida
(Erlebnis) em cinco momentos, Turner define que a performance seria justamente o
quinto momento (o de expressão). Assim, para Turner (1982) a performance completa
uma experiência e o contido, o suprimido, revela-se.
No campo das ciências sociais, Turner abriu-se ao diálogo com teóricos que
também empregam a noção de performance – principalmente o sociólogo Erving
Goffman e o diretor teatral e antropólogo Richard Schechner (1988). Para o primeiro, o
mundo social seria um palco onde os indivíduos humanos se destacam como atores que
desempenham cotidianamente papéis pré-estabelecidos socialmente. Richard Schechner
empenhou-se em demonstrar que, de fato, não existe distinção entre ‘rito’ e ‘teatro’.
Para ele, estas duas categorias representam eventos de uma mesma natureza: são
performances. Enfatizando a relação entre performer e audiência, Schechner (1988)
desenvolve as noções de “eficácia” (ritos) e “entretenimento” (teatro). Para ele, a noção
de performance compreende um movimento continuum que vai do ‘rito’ ao ‘teatro’ e
vice-versa. Buscando elucidar as relações existentes entre ritual e teatro, Schechner
(1988, p. 7) aponta as atividades performativas humanas que estariam relacionadas ao
teatro de alguma forma: “Não quero excluir ritual do estudo dos gêneros performativos.
Ritual é uma das várias atividades relacionadas ao teatro. As outras são: brincadeira,
jogo, esporte, dança e música. Juntas, estas sete atividades incluem as atividades
performáticas públicas dos humanos” (tradução nossa). Para este autor, teatro –
entendido como a encenação de estórias por jogadores – existe em cada cultura
conhecida e em todas as épocas, assim como os demais gêneros performáticos. Estas
atividades seriam primordiais, existindo apenas variações em sua forma, sendo
intercaladas umas às outras. Muitas vezes, rituais, jogos, esportes e os gêneros estéticos
(teatro, dança, música) são tão fundidos que fica impossível chamar a atividade por
outro nome limitador. O autor define algumas qualidades que são compartilhadas por
estas atividades: 1) uma ordenação especial do tempo; 2) um valor especial fixado nos
objetos; 3) nenhuma ênfase na produtividade em termos de obter benefícios; 4) regras.
Muitas vezes locais especiais ou incomuns são reservados ou construídos para que estas
atividades sejam performadas neles. Com estas questões Schechner completa a teoria da
performance de Turner.

Assim, ao defender que há um movimento continuum entre rito e teatro o
autor classifica os processos de transportation e transformation que ocorrem neste
movimento continuum. O primeiro termo sugere que participar de uma performance
(sendo performer ou audiência) implica deslocar-se para ‘um mundo recriado’
momentaneamente, assumindo outro papel. Esta experiência temporária pode ser
transformada em um status permanente, tornando-se, então, trasnformation
propiciando, neste processo, o desenvolvimento (para o ator social na qualidade de
performer ou espectador) crítico de si mesmo e da realidade social em que está inserido.
Desta forma este autor problematiza a dicotomia presente entre os momentos
extraordinários e cotidianos que Turner aponta. Schechner (1988) também destaca a
noção de comportamento restaurado, demonstrando empiricamente que toda
performance consiste numa atividade cultural dinâmica, reelaborada criativamente ao
longo do tempo, mas que sempre se pretende como uma prática idêntica ao que se
acredita ter sido no passado, tanto no presente quanto no futuro. Conforme lembra Silva
(2005, p. 54), [comportamento restaurado para o performer],
[...] traz à tona, a recordar nos gestos [...] experiências guardadas nas
profundezas do ser, internalizadas através de um longo e complexo
processo de socialização. [...] evoca a memória, instiga à reflexão e
remete a experiências que fazem parte da trajetória de vida do sujeito.

Em certo sentido esta discussão de Schechner parece convergir com as reflexões
de Tim Ingold e Elizabeth Hallam (2007) e Karin Barber (2007) sobre criatividade e
improvisação cultural, embora partindo de uma perspectiva diferente. Estes autores
colocam que não existe script para a vida sócio-cultural. Assim, as pessoas são
compelidas a improvisar, não porque elas operam ‘de dentro’ de um corpo de
convenções estabelecidas, mas porque nenhum sistema de códigos, regras e normas
pode antecipar cada circunstância possível. Improvisação e criatividade seriam
intrínsecas aos processos da vida sócio-cultural. Neste sentido é que se explica a
dinamicidade e a permanência ao longo do tempo da performance. Fixar e improvisar
seriam categorias inseparáveis: durante a reprodução da performance, ela seria
simultaneamente inscrita em cada ato que a realiza, porém nunca exatamente replicada.
Aqui encontramos, mais uma vez, a perspectiva que aponta para a fluidez da
experiência que a performance propicia engajada, dinamicamente, na sua transmissão e
permanência em função de um repertório feito, ao longo do tempo, em sua prática
cotidiana.

Pensar nas atividades de lazer como performance significa, desta forma,
considerá-lo como experiência que pode possibilitar ao sujeito colocar-se em uma
situação de liminaridade, configurado em uma antiestrutura social, podendo, portanto,
proporcionar um sentimento de communitas, uma experiência em que os sujeitos podem
desenvolver sua consciência crítica em relação a si mesmos e à realidade social.
Leda Martins (2002), ao analisar os rituais dos Congados, coloca que “na
performance dos ritos o corpo e voz são portais de inscrição de um conhecimento que se
grafa no gesto, no movimento, na coreografia, na superfície da pele, assim como nos
ritmos e timbres da vocalidade”. De acordo com a autora, “nas performances da
oralidade o gesto não é apenas uma representação mimética de um aparato simbólico,
veiculado pela performance, mas institui e instaura a própria performance”. Neste
sentido o corpo passa a ser mídia de si mesmo14 e, como tal, reifica15 a tradição na ação
performática construída na prática cotidiana.

Sob esta perspectiva, portanto, a performance é uma inscrição, uma grafia. O
corpo passa a ser, por excelência, o local da memória, o corpo em performance, o corpo
que é performance. Como tal, este corpo não apenas repete um hábito, mas também
institui, interpreta e revisa o ato reencenado. O fazer não elide o ato de reflexão, a
memória grafa-se no corpo, que registra, transmite e se constitui, constituindo o mundo
dinamicamente.

Propomos, nesse sentido, pensar as práticas de lazer como aprendizagens de um
modo diverso de ser-no-mundo, de um fazer-saber, como possível relação de uma
experiência-na-prática grafada na memória dos movimentos, gestos, danças,
dramatizações, ritmo e cantos de seus corpos performáticos em sua relação de
engajamento no mundo, na ‘extraordinariedade’ de sua prática cotidiana.

Considerações Finais: um jogo de relações

A antropologia da experiência (e da performance) de Turner (1986 e 1987) nos
ajuda a pensar como algumas práticas liminares nas sociedades ocidentais
contemporâneas (e que, portanto, nos fazem pensar o lazer) podem suscitar uma
experiência transformadora. Através da performance, completa-se uma experiência e o
contido, o suprimido, revela-se.

Por outro lado, ao pensarmos como os seres humanos são produzidos na prática,
no cotidiano e, a partir disso, como o mundo objetivo é constituído, as relações dos
sujeitos na prática e em comunidades de prática, torna-se uma das possibilidades para
compreendermos, empiricamente, que mundos são estes em que estes sujeitos se
engajam. Assim, a partir da descrição e análise das relações entre os agentes de uma
comunidade de prática de alguma atividade de lazer é possível compreender nuances de
outra realidade possível, caracterizada pela experiência concreta destas pessoas em
relação ao mundo em que habitam. Buscamos, assim, pensar as experiências de Lazer
como fonte diversa de ser-no-mundo, de um fazer-saber no constante movimento de
relações entre seus agentes-sendo-no-mundo.
Estas relações são marcadas pela própria dinâmica de perpetuação das práticas
coletivas que supera a dicotomia entre ações performáticas (e, portanto estruturalmente
‘extraordinárias’) versus ações cotidianas (e, portanto ‘ordinárias’), já que trafega em
um espaço entre o extraordinário e o cotidiano. Desta forma, buscamos compreender o
Lazer partindo do jogo de relações que ocorre entre seus agentes em suas
‘extraordinariedades cotidianas’.

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Comentários

  1. Olá

    Estou estudando para o concurso de Betim, e acabei encontrando o seu blog, grata superpresa. Gostando dos temas retratados por ti. Eu sou poeta, escreve poesias e tenho um blog, se tiver afim de dar uma passada lá será sempre bem vinda.

    http://www.aartedepoetizar.blogspot.com/

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  2. Olá Arquimedes, tudo bem? Tentei acessar seu blog mas está dando fora do ar... Queria conhecer seu trabalho! Abraços

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